A exposição Ruínas habitadas, de Beatriz Rodrigues, será apresentada na cidade de Salvador/BA, na galeria de arte do Ativa Atelier Livre (R. Tupinambás, 423 – 1 andar, Rio Vermelho), com abertura no dia 06 de setembro de 2025, às 16h.
Nesta exposição, a artista apresenta três séries fotográficas e duas obras em videoarte. São imagens realizadas em Salvador há alguns anos, com parte deste material ainda inédito, e as obras em videoarte tendo sido apresentadas ao público anteriormente em diferentes formatos de exposição. As obras apresentam ruínas de Salvador para além das décadas de abandono das arquiteturas. Ruínas habitadas cotidianamente, tanto por famílias humanas, como por diversas espécies vegetais que brotam do interior do concreto. As imagens conduzem o espectador a refletir sobre os processos de desigualdade social, que se expressam na cidade através da especulação imobiliária e de processos de gentrificação.
As séries fotográficas são: “Planta baixa”, “Taboão” e “Montanha/Misericórdia”. Destas séries, apenas Planta baixa havia sido publicada virtualmente, em uma exposição junto à Plataforma de fotógrafas brasileiras Mulheres Luz (clique para conhecer).
Planta baixa apresenta diversas casas em ruínas do centro histórico de Salvador, vistas pela perspectiva superior, como uma planta baixa do processo de desconstrução.
Taboão é uma série que apresenta vistas do interior do Elevador do Taboão, quando estava em processo de arruinamento e abandono, mas ainda assim ocupado.
Montanha/Misericórdia apresenta fotografias das fachadas e de detalhes das ruínas destas duas importantes Ladeiras de Salvador. À época, o trânsito de pedestres e de automóveis ainda era permitido. Algumas ruínas fotografadas hoje já não existem mais, demonstrando o processo de transformação urbana.
As obras em videoarte se chamam “Ladeira habitada” (2020) e “Planta baixa” (2019).
A obra Ladeira habitada foi anteriormente apresentada na Exposição coletiva virtual “A exceção e a regra: emergências urbanas”, do III Encontro Arte, Cidade e Urbanidades, promovido pelo PPGAV da EBA/UFBA em 2020.
A obra Planta baixa foi anteriormente apresentada na exposição Inventário (www.projetoinventario.com), que fez parte da Bienal de Curitiba em 2019, e teve circulação em dois estados, entre 2019 e 2023: Galeria Municipal de Arte, de Concórdia/SC, Galeria Paulo Gaiad da Fundação Cultural BADESC, em Florianópolis/SC e Galeria Espaço Incomum/FURG, em Rio Grande/RS.
É a primeira vez que estas obras estarão em exposição em Salvador. A conexão entre estas imagens explicitam diferentes modos de habitar uma ruína.
As visitações à exposição Ruínas habitadas seguem até 27 de setembro. Informações podem ser obtidas em: @ativa_atelier_livre
Haverá, também, a conversa com a artista sobre “Modos de habitar ruínas”, com data a confirmar.





Série Planta baixa
Série Taboão
Série Montanha/ Misericórdia
SINOPSES E FICHAS TÉCNICAS DAS OBRAS EM VIDEOARTE

LADEIRA HABITADA (2020)
Vista de detalhe da ocupação de um vão no interior dos arcos de uma antiga ladeira de Salvador/BA. A Ladeira da Montanha, às margens do cartão postal Elevador Lacerda, demonstra as profundas desigualdades sociais, com uma rua inteira composta por casarões em ruínas, muitos deles sendo ocupados por famílias. O paredão de pedras que sustenta a ladeira da Misericórdia mostra um arco, que em décadas anteriores foi fechado, no intuito de evitar ocupações. Um buraco no concreto faz um lar.
Este trabalho evidencia as relações sociais entre território e ação antrópica sobre o meio natural, transformando-o em meio urbano. Trata, também, de questões sociais como a moradia e a população de rua, que não tem acesso a direitos básicos, que são garantidos na Constituição, mas não realizados socialmente: como um meio de criar sonhos possíveis em meio à ausência de recursos, e ter a imaginação como saída. Reflete, assim, sobre o cotidiano de pessoas que vivem à margem do sistema econômico, e que resistem para sobreviver.
As sinuosidades das ladeiras remetem aos aspectos geológicos originários do lugar, que se transformam ao longo do tempo, sob a ação humana da urbanização.
“Muita casa sem gente, muita gente sem casa”, diz os pixos encontrados em muitas cidades do Brasil. Ladeira habitada mostra que até lugares improváveis podem se transformar em casa, e permitir o acolhimento das conversas matinais em família.
A obra também reflete sobre os limiares de conexão entre fotografia e vídeo, por se tratar de um plano sequência, mantendo um único enquadramento, com sons ambientes de uma rua movimentada por trânsito intenso. Uma casa-muda que voltou a ser habitada.
Concepção, captação de imagem e edição: Beatriz Rodrigues

PLANTA BAIXA (2019)
Planta baixa, em alusão aos projetos de arquitetura, mostra ruínas vistas de perspectiva superior, na busca por evidenciar as estruturas remanescentes da casa como um corte transversal, relacionando as noções de construção e desconstrução. Neste paralelo, fica evidenciada a imponência da natureza que se (re) apodera destes espaços, tornando-se parte deles, habitando-os.
A produção deste vídeo foi realizada no encontro com as ruínas das ladeiras da cidade de Salvador/BA, com ênfase na experiência de observação da Ladeira da Montanha a partir do mirante no alto da Ladeira da Misericórdia, em que a própria morfologia urbana permite diferentes pontos de vistas sobre a mesma ruína, facilitando o olhar do alto.
Pesquisa, direção, e edição: Beatriz Rodrigues
Trilha Sonora original: Sinfonia das 7 horas, de Kika Simone
Operação de drone: Guilherme Guedes
SERVIÇO
Exposição Ruínas habitadas, da artista visual Beatriz Rodrigues.
Local: Galeria do Ativa Atelier Livre (R. Tupinambás, 423 – 1 andar, Rio Vermelho, Salvador/BA).
Abertura no dia 6 de setembro, sábado, às 16h.
Visitações de 7 a 27 de setembro
(Horários: De quarta a sexta, das 15h às 19h; sábados das 9h às 12h e das 16h às 20h e domingos das 16h às 20h.
Modos de habitar ruínas. Conversa com a artista Beatriz Rodrigues, sobre a exposição Ruínas habitadas.
Local: Ativa Atelier Livre (R. Tupinambás, 423 – 1 andar, Rio Vermelho, Salvador/BA).
Data a confirmar

Texto-referência para a Conversa com a artista: "Modos de habitar ruínas"
Atividade a ser realizada no Ativa Atelier Livre,
em data a confirmar
(R. Tupinambás, 423 – 1 andar, Rio Vermelho, Salvador/BA).
DO ALTO DA LADEIRA, O CAMINHAR COMO PRINCÍPIO
Texto publicado em:
LINKE, Ines, FERES, Lucas e TERÇA- NADA, Marcelo (ORG.). Fronteiras e Confluências – Anais do IV Encontro Arte, Cidade e Urbanidades. Salvador, BA: Ed. dos autores, 2023.